quinta-feira, 16 de maio de 2013

ANALISE DO METRO 2033


Cada um vê o fim do mundo, o Apocalipse, a revelação, à sua maneira. Como aconteceria, o que restaria da Terra e como os seres humanos viveriam após a devastação total. Nos últimos tempos temos vivenciado filmes sobre o tema, e claro está, variadíssimos jogos. É um assunto rico, que dá uma grande margem de manobra para quem redige a história. No meu íntimo, também gostaria de saber como seria um mundo pós-apocalíptico, não que isso fosse o meu desejo, mas para saber como seria a adaptação da raça humana a tal destino, se é que ficaria alguém para tal.
A 4A-Games também quis contar a sua visão, contar o que se passou numa Moscovo dizimada, onde os humanos apenas conseguem sobreviver no metro da cidade. Em Metro 2033 somos Artyom, nascido após a guerra, e como tal, não conhece outro mundo senão o dos túneis, dos monstros, e uma superfície agreste impossível à raça humana.
Esta é uma história comum e muito linear, Artyom percorre os túneis do metro de Moscovo para completar missões, em busca de algo que nem ele sabe. Os vários objectivos são concluídos de uma forma muito objectiva e linear. Caminhamos pelos túneis, mas também existem algumas incursões pelo exterior. Sempre que nos dirigimos à superfície, há que dar uso à nossa mascara de gás, já que o ar encontra-se contaminado.
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Efeitos de luz são impressionantes.
Antes de avançar, não posso deixar de referir que Metro 2033 transpira a S.T.A.L.K.E.R. por todos os poros, facto aceitável já que é a mesma produtora. Quando se percorre o jogo, todo o ambiente, a música, as vozes, e até o visual, são muito semelhantes a S.T.A.L.K.E.R. Não que isso seja mau, é apenas uma observação, mas é claro que as semelhanças acabam aqui, já que estamos perante um jogo mais fechado, mais linear e sem quaisquer elementos RPG.
Nesta caminhada, pelo submundo de Moscovo, encontramos diversos obstáculos, vários aliados e muitos inimigos. A construção artística do jogo é o que mais me agradou, muito pela boa recriação de um mundo subterrâneo credível e pela grande qualidade do grafismo. A preocupação com o visual é bem evidente quando percorremos Metro 2033, há uma excelente combinação de vários elementos, como efeitos de luz, nevoeiro, e até o pormenor do gelo que se forma na mascara de gás quando saímos para o exterior. Nem mesmo algumas texturas com fraca qualidade retiram a beleza visual de Metro 2033. Nunca esquecerei quando subi uma escada em direcção ao exterior, e senti o vento a bater na cara, vento esse gelado, seco, e agreste, criando gelo na viseira da mascara de gás. De facto, o visual é mesmo um dos seus pontos fortes, já que a nível sonoro temos alguns problemas, que vão desde o pouco convincente som das armas, até a certos erros na colocação das vozes em relação ao que se vislumbra no ecrã.
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Conseguimos sentir o gelo na viseira da                  mascara de gás.                                          
A progressão é rápida e linear, como já tinha referido, sendo tudo muito acelerado e sem grandes surpresas. Para esse efeito, temos à nossa disposição um bom arsenal, facas, pistolas, caçadeiras, armas de pressão, explosivos, e claro, a famosa Kalashnikov (AK-47). Também temos uma mascara de gás, kits de medicamentos, óculos de visão nocturna e uma lanterna.O armamento disponível, apesar das diversas configurações e upgrades, não pode ser configurado à nossa maneira. Não temos possibilidade de criar as armas ao nosso gosto, já que estas encontram-se “fechadas” a qualquer tipo de personalização. Seria uma boa adição se o jogador tivesse a possibilidade de editar vários aspectos, desde as armas até aos items.
Os desafios propostos não são novos, já que não existe algo de diferente, em relação ao que já vimos em títulos do género. Temos muitos monstros para matar, nazis, e até grupos que tentam travar a nossa progressão. Em certos momentos podemos optar por uma abordagem mais silenciosa, o jogo dá-nos essa possibilidade, com a utilização de óculos de visão nocturna, armas com silenciadores e um ambiente que também convida a essa abordagem. Mas também podemos entrar a matar, atirando a tudo o que se mexe, criando o caos nas linhas inimigas.
Apesar dos bons momentos proporcionados, existem pormenores que se fossem mais bem trabalhados conferiam ao jogo uma maior qualidade. Um aspecto que deveria ter sido aprimorado está relacionado com a jogabilidade, já que encontra-se algo presa de movimentos, e em certas alturas algo estranha, subir um obstáculo é por vezes um acto inesperadamente difícil. Outro problema, este mais relacionado com a própria filosofia do jogo, é a linearidade já referida. É tudo demasiado previsível e muito pouco desafiador, somos levados por uma narração nos carregamentos de nível, e seguimos uma “bússola” que indica a direcção a seguir. Não há uma grande humanização do que se passa, não existe uma interiorização suficientemente convincente de todo aquele estado de vida.
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Apesar da movimentação, passamos muito pouco tempo a interagir com as pessoas.
Também me parece que o tema não foi explorado ao máximo, já que ao chegar ao final do jogo, fiquei a meditar que algo não foi contado, ou que foi acabado à pressa, como se não houvesse tempo para mais. Poderiam ter contado esta história de uma forma mais pausada, com mais desafios, com a introdução de alguns elementos RPG, atribuindo ao jogo uma menor linearidade. Metro 2033 tem tudo o que um grande jogo necessita, pena mesmo não ter sido devidamente explorado, já que em nenhum momento sentimos que estamos perante um fora de série. A longevidade é fortemente afectada, bastando 4 noites de jogo para chegarmos ao fim.
Na realidade, estamos perante um óptimo jogo, com um bom argumento, excelente grafismo, momentos fantásticos a nível artístico, e um excelente ambiente. Com mais algum tempo, um orçamento mais elevado, a introdução de elementos que considero imprescindíveis nos dias de hoje, como a personalização das armas, colocariam Metro 2033 noutro patamar. É um excelente jogo, que fica perto de alcançar um posto de destaque.

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